“As verdades podem ser nuas – mas as mentiras precisam de estar vestidas.” Textos Judaicos Encontrou o colega em pleno Alberto Braune, às dez da manhã. Foi pura casualidade, jamais imaginaria vê-lo novamente. Fazia quanto tempo? Vinte, vinte e cinco anos que não se viam? Achava que a última vez fora logo após o Ensino Médio, embora não tivesse certeza. A calçada estava abarrotada de gente, era início de mês e muitas pessoas se dirigiam aos bancos para receber seus salários. Esbarrou no ombro de alguém e se virou para encarar o descuidado. — Ei! Vê se olha por onde… – disse num tom grave, franzindo as sobrancelhas, aborrecida. — Você? – disse o sujeito, surpreso. — Você? – repetiu ela, ainda mais surpresa. Ele parecia ter parado no tempo – e isso não era, de nenhuma maneira, um elogio. Mantinha o olhar sedutor, o sorriso charmoso e a voz cadenciada, mas agora tinha algumas rugas e uns tantos cabelos brancos. Era magro, mas cultivava uma discreta barriga de chope; vestia-se ...
Fundado em mil novecentos e guaraná com rolha, num universo alternativo.