Pular para o conteúdo principal

Clássicos da Literatura: O Anônimo

Se alguém me matasse. Se eu fosse abatido a tiros por uma amante, pelo marido de uma de minhas amantes, por um neurótico pela fama, por um serial killer americano que tivesse vindo ao Brasil, pelo engano de um traficante, por um assaltante num cruzamento, por uma das milhares de balas perdidas que cruzam a cidade, por uma dessas motos enraivecidas que alucinam o transito, por um colega de profissão inconformado com a minha fama. Se morresse em uma inundação, atingido por um raio ou por um árvore derrubada por um vendaval. Por um remédio com data vencida, por uma comida estragada. Uma tragédia noticiada por toda a mídia, alimentada e realimentada, provocando manchetes vorazes, devoradas com prazer pelo publico e construindo a minha legenda. Melhor que fosse algo misterioso. O noticiário duraria mais tempo, o caso seria revisto por curiosos dispostos a desvendar enigmas. Provocar a necessidade de uma autopsia, de exumação. Ser o enigma do século seria a minha gloria. Se eu tivesse essa certeza, não me incomodaria de estar morto.

Ignácio de Loyola Brandão

Ignácio de Loyola Lopes Brandão é contista, romancista e jornalista. Seu primeiro trabalho informal de jornalismo foi em uma crítica de cinema no jornal A Folha Ferroviária, em 1952 mas, desde pequeno, Loyola sonhava conquistar o mundo com sua literatura; se não, pelo menos voltar vitorioso para sua cidade natal. Sua carreira começou em 1966 com o lançamento de Depois do Solo, livro de contos no qual o autor já se mostrava um observador curioso da vida na cidade grande, bem como de seus personagens. Trabalhou como editor da Revista Planeta entre 1972 e 1976. Dono de um "realismo feroz", segundo Antonio Candido, seu romance Zero foi publicado inicialmente em tradução italiana. O livro foi proibido no Brasil, em 1975, somente liberado em 1979. Em 2005, virou cronista do jornal "O Estado de São Paulo" e em 2008, o romance O Menino que Vendia Palavras, publicado pela editora Objetiva, ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção do ano.

O Anônimo, Cadernos de Literatura Brasileira - Instituto Moreira Salles - São Paulo, nº. 11, Junho de 2001, pág. 98.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Túnel Eduardo Guinle é inaugurado em Nova Friburgo após 7 anos de obras

  Nova infraestrutura é marco na história da cidade e atende a um grande anseio da população por melhorias na mobilidade urbana O túnel rodoviário que liga os bairros de Olaria e Ypu foi oficialmente inaugurado hoje, após sete anos de obras. A cerimônia contou com a presença de diversas autoridades, incluindo o Governador do Estado do Rio de Janeiro. A obra é um marco na história da cidade e responde a um grande anseio da população friburguense por melhorias na mobilidade urbana. A nova infraestrutura promete reduzir o tempo de deslocamento entre os bairros e melhorar a fluidez do tráfego no centro da cidade, sobretudo na Praça Marcílio Dias. Além disso, a obra também vai contribuir para a redução da poluição do ar e do ruído, melhorando a qualidade de vida dos moradores. A inauguração do túnel é um passo importante para o desenvolvimento da cidade e demonstra o compromisso do governo com a melhoria da infraestrutura urbana. A população friburguense recebeu a notícia com entusiasmo...

Estátua de Machado de Assis é reinaugurada em Nova Friburgo após ato de vandalismo

Monumento que foi pichado com a frase 'Capitu inocente' é restaurado e volta a atrair turistas na Praça Getúlio Vargas A estátua de Machado de Assis, localizada na Praça Getúlio Vargas, em Nova Friburgo, foi reinaugurada após sofrer um ato de vandalismo que gerou indignação na comunidade local. A estátua, que é uma doação da Academia Brasileira de Letras ao município, foi pichada com a frase "Capitu inocente" em letras vermelhas, aparentemente em protesto ao enredo do livro "Dom Casmurro", no qual Bentinho, narrador da história,  questiona a fidelidade da esposa, Capitu. A estátua, que havia sido danificada, foi restaurada e agora volta a ser um ponto turístico importante na cidade. A obra de arte havia sido instalada na década de 1970 e era muito visitada por turistas que desejavam registrar o momento com o Bruxo do Cosme Velho. Machado de Assis tem uma ligação especial com Nova Friburgo, onde esteve em duas ocasiões para tratar de sua saúde e da saúde de s...

Galã friburguense estreia em novela da Global

O friburguense Gê vive o personagem principal da próxima novela das 20h, estreando como ator, depois de uma vitoriosa carreira como escritor. A Global está apostando que em breve Gê terá se transformado no mais novo “Namoradinho do Brasil”. Gê faz par romântico com a atriz Débora Cecco e as cenas tórridas vividas pelo casal vêm causando estremecimento entre o novo galã e sua esposa, D. Maria. No entanto, o salário, que se acredita ser superior a R$ 300.000,00, têm acalmado os ânimos de D. Maria, principalmente depois que Gê declarou que vai matricular os filhos em universidades norte-americanas. Além disso, Gê já firmou contrato ─ com cachê milionário ─ para estrelar comercial do papel higiênico BemBom. Mas não é sem motivo que D. Maria não se preocupa com a possibilidade de que o romance da novela vire romance na vida real. **************************************** Esta é uma obra de ficção.  Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coi...

Homem é resgatado após dois dias na Pedra da Catarina

Pedra da Catarina: montanha é conhecida nacionalmente abrigar o letreiro de Nova Friburgo Um montanhista de 25 anos foi resgatado com ferimentos leves após passar 48 horas perdido na trilha que leva ao topo da Pedra da Catarina, uma montanha famosa por abrigar o icônico letreiro de Nova Friburgo. O jovem, que se encontra bem após o resgate, expressou sua gratidão pelo trabalho eficiente dos bombeiros. A Pedra da Catarina, que leva esse nome em homenagem ao Deux Catherine , u m dos navios que trouxeram os primeiros colonos suíços para Nova Friburgo , é um ponto turístico conhecido não apenas pela beleza natural, mas também pelo letreiro gigante que se tornou um símbolo da cidade. Com letras maiúsculas brancas medindo 14 metros de altura e 106 metros de comprimento, o marco foi construído em 1966 e oficialmente inaugurado em 16 de maio de 1968, por ocasião das festividades dos 150 anos de Nova Friburgo. " Eu escalei as montanhas mais altas...", disse  Y ou-too A equipe de res...