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Mostrando postagens de julho, 2015

Clássicos da Literatura: Amor

Um pouco cansada, com as compras deformando o novo saco de tricô, Ana subiu no bonde. Depositou o volume no colo e o bonde começou a andar. Recostou-se então no banco procurando conforto, num suspiro de meia satisfação.  Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas. E cresciam árvores. Crescia sua rápida conversa com o cobrador de luz, crescia a água enchendo o tanque, cresciam seus filhos, crescia a mesa com comidas, o marido chegando com os jornais e sorrindo de fome, o canto importuno das empregadas do edifício. Ana dava ...

Em seu sexto romance, Luiz Biajoni explora o relacionamento entre dois amigos

Dois grandes amigos dos tempos de colégio se reencontram vinte anos depois e fazem uma viagem de carro onde vão confessar segredos, amores e crimes. Este é o mote de “A Viagem de James Amaro”, sexto romance do americanense Luiz Biajoni. Depois de “Virgínia Berlim – Uma Experiência”; de “Elvis & Madona – Uma Novela Lilás”, onde o escritor romanceou o filme de Marcelo Laffitte; e de “A Comédia Mundana – Três Novelas Policiais Sacanas”, que reuniu seus três romances policiais repletos de sexo e crimes, Biajoni muda o tom: “A Viagem de James Amaro” não tem sangue ou subtramas, não tem tanto sexo quanto nos outros livros e a linguagem está mais contida. “Sempre digo que é a história quem pede a forma do romance”, explica o escritor. “Aqui, onde temos dois amigos dentro de um carro, escutando discos de jazz, a linguagem que se impôs foi aquela mais introspectiva, tonal e até experimental”, conclui. Mas não estamos diante de um livro difícil: a narrativa é, mais uma vez, ágil e cinematogr...