No dia em que o Botafogo foi campeão com o gol de Maurício (há dezoito cariocas que se refestelam nessa frase carregada de semântica afetiva) eu vi o Flamengo tremer e o Catete vibrar. Eu morava numa casa encravada na ladeira da Tavares Bastos, no Catete, de onde eu descortinava (sim, descortinava, isto aqui é uma crônica) uma vasta visão horizontal desses bairros. Aquele jogo foi uma predestinação. O juiz era um rapaz que chamavam “Bianca”, e nosso medo era que o Botafogo, notoriamente inferior, apelasse para a violência intimidando Sua Senhoria. Sua Senhoria se saiu até que bem, e o Flamengo teve chance de vencer até o último lance de Zico em campo, uma falta que passou raspando na trave esquerda do gol alvinegro. E aí vem aquele contrataque veloz puxado pela esquerda (o Flamengo só leva gol em contrataque, por que será), bola cruzada na área, o negão se jogando pra frente como um mané-gostoso e esbarrando na bola com o pé para o fundo das redes. O chão do Rio ficou se ...
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